sexta-feira, 16 de abril de 2010

A opinião de Cláudio Domingos (2)

Não raras são as vezes em que o nosso clube, felizmente, é visitado pelos chamados “olheiros”, dos chamados “grandes”, a fim de pescarem diamantes por lapidar para as suas escolas de formação. Repito, felizmente.
E felizmente porque somos um clube que tem vários escalões de formação e que conta com bastantes jovens promissores com a bola nos pés, neste caso. A Casa do Povo ganhou um estatuto, diz que é uma espécie de fábrica de talentos, talvez dissesse o Ricardo Araújo Pereira.

Toda esta lengalenga a propósito de varias captações feitas por esses “grandes” clubes e que têm contado com a presença de alguns dos nossos atletas, como se lá fossem lapidar os diamantes que há neles... Bem, essas captações obrigam a viagens longas pelas famílias e, geralmente, estão presentes centenas de miúdos oriundos das zonas mais escondidas do nosso Portugal e que mal têm tempo para dar um chuto na bola, mas isto sou eu a dizer e até pode haver aqui uma grande margem de erro de análise.

Já me foi dito pessoalmente, em conversa entre amigos, que os directores deveriam acompanhar os atletas nessas iniciativas porque é a imagem do clube que está a ser valorizada. Vou tentar divagar sem me alongar, ou melhor, sem ser devagar…

Ponto Nº 1: não estamos a falar de um conjunto de atletas que vão representar a selecção distrital e que, isso sim, prestigia e dignifica a imagem do clube formador, pelo trabalho que tem feito e que, felizmente, já nos aconteceu por diversas vezes;

Ponto Nº 2: Gostava que alguém me exemplificasse, como se eu fosse muito jumento, a vantagem para o clube amador de “levar” vários atletas à captação de talentos de outros clubes, mesmo sabendo de antemão que o clube formador só pode ganhar uma compensação financeira no caso de, no futuro, um atleta assinar um primeiro contrato de trabalho profissional;

Ponto Nº 3: A Casa do Povo de Miranda do Corvo não esquece os atletas que a representaram condignamente e faz os possíveis para que os interesses dos atletas sejam uma prioridade para o clube, desde que este não saia prejudicado;

Ponto Nº 4: A gestão de uma época desportiva para um clube amador, mas de grande dimensão pelos atletas que tem ao seu dispor, é feita a curto e a médio prazo, mal de um clube que está organizado com o intuito de vir a ganhar uns tostões numa (s) hipotética (s) transferência (s) para estatuto de profissional e essa é uma realidade pouco mais que impensável, aliás coisa que nunca aconteceu no nosso clube.

Concluindo e, segundo a minha opinião, os directores dos clubes formadores e amadores não têm a função ou responsabilidade de acompanhar esses atletas às captações de talentos de outros clubes e, aliás, entendo que não o devem fazer, porque existem para defender os interesses dos clubes que representam, de graça e de coração aberto.

Os nossos jovens estão devidamente acompanhados pelos seus formadores e directores, dentro do nosso pavilhão e das nossas instalações ou em representação do clube fora de portas, porque nós fazemos captações diárias dando as devidas condições para que as crianças possam evoluir como atletas e como cidadãos, quanto melhor o fizermos, por responsabilidade e dever, maior será este clube, o que é diferente de ser “grande”.

Cláudio Domingos, Director da Casa do Povo de Miranda do Corvo

3 comentários:

João Ferraz disse...

Estou completamente de acordo com o que escreve, pois os paizinhos, se os seus meninos vão para os chamados "grandes clubes" ficam tão babados que pagam o que tiverem de pagar para os seus meninos lá andarem, têm que os transportar para todo lado e ainda por cima estão num bom clube, de que se queixam???
Se querem lá mete-los é com eles, não tem que ser o clube que até então lhes deu as condições para serem felizes a fazerem o que gostam, que ainda têm de os acompanhar (e na maioria dos casos em vão, pois 80% deles não voltam lá).
Eu sei do que falo, pois sei de casos dentro do nosso meio rural e a chamada equipa "grande" nem sequer é assim "tão grande".
Se pedimos aos pais para ajudar e contribuir monetáriamente isto para qualquer que seja o clube da região, mais de 90% diz (ATENÇÃO QUE HÁ EXCEPÇÕES):
o meu filho está a jogar na equipa de graça, por isso não me sinto na obrigação de dar mais nada.
Depois se não podem ir levar o filho ao treino ou para o jogo dizem:
Deixa lá, também não ganhas nada é mais um menos um!
Há pois é! Mas se o menino poder ir para o tal "grande" dizem assim:
Oh claro, quanto é que tenho que pagar?
Em que dias e horas são os treinos e os jogos, para poder orientar a vida de modo a poder ir levá-lo?
Afinal o menino está num bom clube!!
Digo eu!!
E mais não digo!!
Continuação de um bom e grande trabalho a todos os amigos de Miranda e não só!

Anónimo disse...

Estou aprendendo como funcionam os bastidores e na verdade, a verdade é realmente assim. Querem que os seus rebentos aprendam e cresçam como desportistas, mas despeza ou tirar do seu tempo para acompanhar os tais rebentos que seja nos supostos "grandes" clubes, nunca naquele que o recebeu e ensina a ser jogador. Mas me pergunto:_quais grandes clubes de Coimbra? É que na verdade, talvez por ignorância minha, os grandes clubes só em Lisboa ou Porto, todo o resto é miragem. Então se esses papas estão tão dispostos a reembolsar financeiramente e dar do seu tempo nesses clubes "grandes" em Coimbra, que ajudem os clubes onde os filhos são desportistas. É que não é por nada, mas se um pequeno atleta é realmente bom e os olheiros os consideram como tal, têm escolas de formação que dão estadia permanente e acompanhamento escolar, mas isso pelo que conheço só nos verdadeiros grandes clubes, não em Coimbra e que eu saiba, para se chegar a esses têm de ser realmente bons e contra isso nada pelo contrario, agora numa académicazita ou união, então fiquem onde estão, ok! Engrandeçam o clube que os acolheu e tornem-no mais FORTE e de NOME.

Pedro Cacho disse...

Noutras modalidades onde não circula tanto dinheiro, as transferências são tabeladas em função do nº de épocas feitas no clube de saída, em que escalões foram realizadas, épocas com idas às selecções (com as selecções regionais a contarem também) e não sei se mais alguma coisa. A partir de sénior esse valor começa a reduzir por um processo semelhante.
Com base nisso os clubes potenciais receptores passam a ponderar melhor a "pesca" nos pequenos. Os jovens jogadores são menos enganados e os clubes recebem algum para ajudar na tesouraria. Quanto ao argumento de estar a cortar hipóteses aos miudos, posso dizer que conheci casos em que o clube grande chantageou a família do jogador, para que esta levasse o clube pequeno a não cobrar. No final a família pagou a transferência e juntamente com as outras famílias aguentaram a secção de Andebol do Benfica em pé, aliás da mesma forma como é testemunhado pelos dois comentadores anteriores.
Em conclusão - algém deve pagar! Se calhar os pais que querem serviço completo dos carolas que andaram a trabalhar na formação dos seus rebentos, CERTO?
Dúvida: se muitos destes jogadores jovens auferem já ordenados/ajudas de custos vultuosos, quando é que se considera que são profissionais e se paga o devido aos clubes pequenos?
Pedro Cacho